O Blues, estilo musical vindo dos negros, teve sua verdadeira origem na África. Os escravos enviados para os EUA tinham iniciado o que seria a peça fundamental desse gênero: o grito, ou lamento. A principal riqueza e peculiaridade desse som, acompanhado quase sempre de uma instrumentação de corda (similar a um banjo), davam o que hoje viria a ser chamado de Blues. Foi no início do século XX, na região do Delta do Mississipi (vizinhança de New Orleans) que o Blues tomou sua verdadeira forma. Lá os escravos eram forçados a trabalhar duramente nas plantações de arroz e algodão e como forma de expor sua angústias e desilusões, eles cantavam. Inventavam seus próprias canções, falavam das injustiças, do sofrimento e dos amores perdidos. Nas melodias tentavam encontrar uma escala similar aos cantos vindos da África. Como não encontravam todas as notas da escala, faziam uma tentativa de “subir” a nota (Bend) para alcançar o som procurado. Tudo isso acabou contribuindo para fazer desse estilo musical um modo particular de cantar e tocar.
Assim o Blues foi se popularizando e tornando um elemento de importância social e cultural, sendo difundido por todos EUA. Vários nomes deram força à expansão desse estilo musical: Robert Johnson, Muddy Waters, James Cotton, Bessie Smith, entre outros, imortalizaram e deram vida a tudo isso.
Hoje vários nomes da música reconhecem a influência e a importância desse estilo nas suas carreiras. O próprio Rock n’ Roll, hoje tão difundido e abrangente, teve sua criação e principal origem no Blues. Elvis Presley, Chuck Berry, Jimi Hendrix, Eric Clapton, entre tantos outros, usaram o Blues como base e referência para comporem suas músicas.
Com mais de 100 anos de história, o blues ainda passa por vários estilos e formas. O que faz dele tão peculiar e cativante provém da sua essência. Ainda que um lamento ou grito da alma, é certo que o Blues revoca sentimentos à tona. Cria-nos força na tristeza e esperança no grito da dor. O Blues foi, ao que tudo indica, a oração dos escravos. O pedido por dias melhores.
Free Hand Blues Band
Exemplo de envolvimento e dedicação ao cenário Blues de Belo Horizonte é a Free Hand Blues Band. Seu repertório passa por várias fases do blues, dando ao público ouvinte uma visão cronológica do gênero. Nas suas interpretações, os integrantes Rafa Debere (vocal), Vitor Vieira, Ivan Resende (guitarra), Daniel “Tininho” (harmônica), Sidney Fanzine (baixo) e Luís Ritter (bateria), desenvolvem e acrescentam novos arranjos as músicas, criando uma identidade e particularidade ao seu som.
Entre seus propósitos, está o de aproxima-se de outras formações congêneres, e assim fortalecer o movimento “blues” em nossa capital. Para os que apreciam e se interessam por esse trabalho, o contato para shows é freehandblues@gmail.com
Ivan Resende – Para Jornal Gazeta Savassi, 15 de Abril de 2006.